"Em defesa dos direitos das pessoas com autismo"

domingo, 14 de agosto de 2011

Convênio amplia transporte para alunos com autismo e deficiência em SP

Secretaria da Educação pretende atender 1,8 mil crianças até o fim de 2012

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo assinou convênio com a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) que prevê a ampliação do serviço de transporte de alunos com autismo e deficiência locomotora matriculados em escolas estaduais na capital e na Grande São Paulo. A iniciativa representa um investimento de R$ 25 milhões e atenderá a estudantes assistidos pela Associação de Amigos do Autista (AMA) e pela Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), além dos que cursam o ensino regular.
Hoje o serviço conta com uma frota de 65 veículos, dos quais 39 adaptados, e atende a 415 usuários, entre alunos e acompanhantes. A ampliação será gradual. Já neste mês de agosto, o serviço deverá contar com 106 veículos, sendo 83 adaptados, com capacidade total de 995 vagas. Ao final do primeiro semestre de 2012, a previsão é chegar a 184 vans e micro-ônibus para o atendimento a até 1,8 mil passageiros.
As novas vagas serão preenchidas prioritariamente por alunos indicados pelas Diretorias de Ensino. As escolas ou instituições devem encaminhar à respectiva Diretoria de Ensino a solicitação para o transporte destinado a esses estudantes.
O Serviço Especial Conveniado (Ligado) realiza deslocamentos expressos do tipo “porta a porta”. Crianças e adolescentes com deficiência mental, física ou mobilidade reduzida severa são transportados gratuitamente de suas casas até as escolas da rede estadual de ensino e a instituições como a AACD e a AMA, na Grande São Paulo.

Mercadante: brilhante pesquisador de autismo que jamais será esquecido

Determinado, persistente, gênio, mestre, generoso, humano, humilde, cativante, herói. Brilhante.
Difícil de acreditar que todas essas palavras fizessem parte de um só ser. Mas refletem nada além do real e são apenas um mínimo resumo do homem que certamente deixará muitas saudades nas muitas vidas que tocou. Prof. Dr. Marcos Tomanik Mercadante - Mercadante, como geralmente era chamado por seus inúmeros aprendizes -, morreu aos 51 anos, no último 2 de julho, após uma persistente batalha de um ano contra um câncer de pâncreas.
Porém, mesmo já doente, conseguiu realizar um sonho que reflete sua mais recente conquista: idealizou e criou em 2010 a ONG Autismo & Realidade, da qual era presidente do Conselho Consultivo. Seu objetivo era difundir os conhecimentos mais atualizados sobre o espectro autista, principalmente para pais, além de apoiar estudos científicos na área.
Desde o início, seu histórico acadêmico e profissional traçara um brilhante caminho: graduação em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP), mestrado em Psicologia (Psicologia Clínica) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), doutorado em Psiquiatria pela USP e pós-doutorado na Universidade de Yale (EUA), da qual continuava colaborador. No retorno ao Brasil decidiu dedicar-se à investigação das raízes biológicas do autismo. Em 2010, foi ganhador do prêmio "Prof. Zaldo Rocha", da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Sua última função foi como professor e doutor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pesquisador principal do primeiro Estudo Epidemiológico de Saúde Mental do Escolar Brasileiro do INPD – Instituto Nacional de Psiquiatria do Desenvolvimento.
Sem dúvida alguma, foi com seu jeito único de ser que Mercadante marcou de maneira permanente a história do autismo no Brasil. Um dos principais especialistas e pesquisadores sobre o transtorno no país, além de uma das mais brilhantes mentes já conhecidas, ele colocava em evidência sua paixão pela ciência em todos campos de sua vida, sempre com um artigo nas mãos para ler, como dizia seus três filhos – Júlia, 25, Mariana, 22, e João, 13. Foi autor do primeiro estudo de prevalência de autismo na América Latina, realizado com amostragem na cidade de Atibaia, SP, publicado em fevereiro deste ano.
Em 2006 co-fundou a Upia, Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência da Unifesp-SP, importante centro de ensino, pesquisa e assistência às crianças e adolescentes acometidos ou em risco de desenvolverem transtornos mentais, onde mais de 500 crianças e adolescentes são atendidos por mês. São seis ambulatórios: ambulatório de transtornos do humor; ambulatório geral; ambulatório de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC); ambulatório de transtornos externalizantes, ambulatório de transtornos psicóticos e ambulatório de cognição social, sendo este último sua declarada paixão.
Seu objetivo era multiplicar conhecimento, discutir suspeitas diagnósticas, pensar alto suas incríveis hipóteses (muitas vezes ele mesmo se dizia inspirado no personagem Dr. House da série House) – geniais e quase impossíveis ao mesmo tempo – sobre possíveis causas do autismo, e, por mais improvável que pareça, aprender. Sua humildade era transparente, sempre disposto a assumir que “bobeou”, como dizia, por algum pensamento “errado” que poderia ter tido. Esse traço tão belo de sua existência é um dos muitos que o tornara singular. “Quanto mais aprendemos, mais vemos que sabemos quase nada, não é?”, muitas vezes dissera abismado e pensativo para sua orgulhosa equipe formada por psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogas, psicopedagogas, entre outros.
Seu maior sonho era descobrir a causa do autismo. No entanto, enquanto este caminho ainda lhe parecesse tão distante, Mercadante certamente não imaginara que durante sua persistente trajetória, tornara o grande sonho de tantas famílias, profissionais e aprendizes tentar aprender a seguir algo meramente similar aos seus passos brilhantemente inconfundíveis.

escrito por : Isabela Fortes - Jornal do Brasil

Antidepressivo na gravidez pode aumentar risco de autismo em crianças

Estudo nos EUA com 1500 crianças sugere ligação entre medicamento e distúrbio


De acordo com um estudo realizado por cientistas do Kaiser Permanente Medical Center, na Califórnia, a exposição a certos antidepressivos durante ou até um ano antes da gravidez pode aumentar o risco de a criança ter autismo. A pesquisa foi realizada com 298 crianças com autismo e suas mães, junto a 1.507 crianças saudáveis e suas respectivas genitoras.

Segundo os cientistas, a prevalência de transtornos relacionados ao autismo tem aumentado nos últimos anos, assim como o uso de medicamentos antidepressivos durante a gravidez, provocando uma preocupação de que a exposição pré-natal possa contribuir para aumento do risco de autismo.

Vinte mães de crianças no grupo de casos de autismo (6,7%) e 50 mães de crianças do grupo controle (3,3%) apresentaram pelo menos uma prescrição para um antidepressivo no ano anterior ao nascimento da criança. Após estudarem os casos, o estudo constatou que as mães de crianças com autismo tinham duas vezes mais probabilidade de ter pelo menos uma prescrição de antidepressivo no ano anterior ao parto.

Embora o número de crianças autistas expostas às condições selecionadas na pesquisa tenha sido baixa, os resultados sugerem que a exposição, especialmente durante o primeiro trimestre, pode aumentar modestamente o risco de autismo. Mas eles ressaltam que os resultados ainda são preliminares.

fonte: http://saci.org.br/index.php?modulo=akemi&parametro=32484

domingo, 7 de agosto de 2011

Síndrome de Asperger afeta mais homens

Entre as dificuldades apontadas por pais de portadores da doença, estão o difícil diagnóstico e o preconceito no ambiente escolar

A dificuldade de interação social, o interesse por assuntos específicos e comportamentos repetitivos são alguns sintomas da pouco conhecida Síndrome de Asperger. A doença, que faz parte dos Transtornos do Espectro do Autismo, afeta muito mais homens que mulheres. Especialista da área da educação e mães citam a dificuldade de diagnóstico e o preconceito, principalmente no ambiente escolar, como as maiores dificuldades enfrentadas pelo portador da doença e familiares.
O médico neurologista da infância e adolescência e professor do curso de pós-graduação em Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana Mackenzie, José Salomão Schwartzman, explica que a Síndrome de Asperger é causada por fatores genéticos e ambientais. "Não é incomum encontrarmos mais de um caso na mesma família", afirma o médico, em entrevista concedida por email ao JL. A doença afeta muito mais homens, na proporção de nove para cada mulher.
Apesar de fazer parte dos Transtornos do Espectro do Autismo, os doentes não apresentam deficiência intelectual. Por outro lado, possuem dificuldades de interação social e apresentam foco de interesse restrito, como em marcas e modelos de automóveis e história antiga, por exemplo. "Pela presença destas habilidades, às vezes extraordinárias, frequentemente são considerados superdotados", diz o neurologista. Os portadores da síndrome já nascem com a doença e, apesar de haver tratamento e possibilidade de melhora significativa do quadro, não há cura completa.
A professora Zuleika Aparecida Claro, de 40 anos, e mãe do Vitor, de 15, conta que desde os primeiros meses de vida do filho, percebeu que ele era diferente das outras crianças. Os sintomas chamaram mais a atenção dos pais quando ele foi para a escola, aos três anos. "Ele se isolava, tinha interesses diferentes". Daí, até o diagnóstico se passaram seis anos. "Perdi as contas de quantas escolas o Vitor passou", lembra. Zuleika conta que o filho sofria muito preconceito, inclusive dos professores.
Com o laudo médico em mãos, os pais foram reivindicar junto ao Núcleo Regional de Educação um professor de apoio em sala de aula. Vitor foi o primeiro aluno da rede estadual de Londrina a ter esse direito garantido. Quem o acompanha é a professora da Educação Especial, com formação em Psicologia, Angela Maria Piassa, da Unopar. Ela diz que esse trabalho é realizado na cidade desde 2009 e o atendimento aos portadores da Síndrome de Asperger é amparado por uma lei federal. Segundo Angela, existe uma grande dificuldade de diagnóstico médico na região de Londrina e, sem isso, o aluno não pode ter acesso ao atendimento especial.

Núcleo oferece atividades que promovem a socialização
Além de acompanhar o aluno em sala, com o objetivo de fazer a ponte entre ele e os colegas e professores, o Núcleo Regional de Educação também oferece algumas atividades na Sala de Recursos de Transtornos Globais de Desenvolvimento, que fica no Colégio Estadual Machado de Assis. Duas vezes por semana, fora do horário de aula, esses alunos contam com o apoio de professores especializados que trabalham a socialização, dificuldades do dia a dia, e oferecem estratégias de como se relacionar em cada ambiente.

Professores não sabem lidar com a doença, diz mãe
O interesse do filho da autônoma Caroline da Rosa Conceição Nascimento, de 29 anos, se restringe a filmes, videogames e computador. Para a mãe, além das dificuldades de diagnóstico médico, os problemas se estendem na área da educação. "Os professores não estão acostumados com essas crianças, não sabem como trabalhar com elas", justifica. Emanuel, de 13 anos, sempre foi mal na escola, mas as notas baixas nunca impediram que ele fosse aprovado de ano. "Eles são empurrados pela escola até onde dá".
Caroline descreve o filho como um menino calmo, quieto e muito franco. Ela diz que o filho sofreu muito bullying no ambiente escolar, reclamava muito e não conseguia se adaptar. "Achei que ele estava depressivo". Só depois do diagnóstico e do acompanhamento de um professor em sala de aula, Emanuel começou a melhorar as notas na escola. A professora de apoio Angela Piassa, diz que o acompanhamento se dá enquanto o aluno tiver necessidade. "É um trabalho apaixonante", resume.

Muito Especial insere primeira pessoa com autismo no mercado de trabalho na Paraíba

André Felinto, autista, 22 anos, conseguiu primeiro emprego


A primeira pessoa com autismo acaba de ser inserida no mercado de trabalho na Paraíba. Através do projeto Inclusão Digital e Produtiva de Pessoas com e sem Deficiência de João Pessoa. André Felinto, autista, 22 anos, assim que se matriculou no curso de capacitação externou à equipe de coordenação do projeto, que seu maior sonho era conseguir primeiro emprego.

Segundo, Eliná Felinto, mãe do aluno, mesmo sendo autista, conseguiu completar o ensino médio. Devido à grande oportunidade que o Instituto está proporcionando, André também terá a chance de ter uma profissão e ser incluído na sociedade. “Ele, sempre foi muito inteligente, mas as características do autismo sempre interferiram no seu relacionamento com as pessoas”, comenta Eliná.

Matriculado nos cursos de Auxiliar Administrativo e Informática, esse paraibano morador do bairro de Bancários, localizado a 17 quilômetros do curso, desde muito cedo convive com as adversidades. Além do autismo, possui deficiência física e caminha com dificuldades. André sabe que a capacitação pode abrir portas, por isso não perdeu a oportunidade de participar do projeto. “Eu acreditava que os cursos iriam me dar melhores condições de entrar no mercado de trabalho”, afirma.

De acordo com o assistente administrativo do Carrefour, Suênia Soares, a empresa atualmente conta com 305 funcionários e mantém uma política de inclusão de pessoas com deficiência, contratando sempre acima dos 2% estipulados pela Lei de Cotas. “A loja emprega pessoas com deficiência há mais de cinco anos e os trata como qualquer funcionário, sem fazer distinção. Trabalhar com uma pessoa com autismo, será um desafio satisfatório para nossa equipe”, ressalta.

Assim como André, os alunos Claudio José de Lima e Érica Nogueira de Sousa, ambos com deficiência intelectual, também foram contratados pela rede de supermercados Carrefour, estabelecendo uma parceria de sucesso.

Até o final deste ano, a iniciativa capacitará cerca de 1000 pessoas na Paraíba, sendo 400 em Campina Grande e 600 em João Pessoa. O projeto é uma iniciativa do Instituto Muito Especial, com apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia e o FIEP-Senai e pretende melhorar a formação profissional, difundir o conceito de inclusão social, tecnologia assistiva, e o conceito de legislação relacionada à pessoa com deficiência.


fonte: http://saci.org.br/index.php?modulo=akemi&parametro=32409