Da Agência USP
A escolha de pais de crianças autistas ou com deficiência intelectual por
escolas de educação especial não se dá por uma atitude de conformação, mas sim
pela busca da melhor opção para seus filhos, atendendo às suas demandas. “O fato
de a escola ser especial ou regular não é tão significativo, pois eles querem o
melhor para seus filhos” diz o psicólogo Ricardo Schers de Goes, autor da
dissertação de mestrado A escola de educação especial: uma escolha para
crianças autistas e com deficiência intelectual associada de 0 a 5 anos,
desenvolvida no Instituto de Psicologia (IP) da USP, sob orientação da
professora Marie Claire Sekkel.
O estudo, realizado a partir de leituras de pesquisas e literatura da área e
conversas com famílias de crianças autistas, buscou investigar os motivos pelos
quais pais de crianças com autismo e deficiência intelectual associada decidem
matricular seus filhos em escolas de educação especial. “Apesar de existirem
muitos estudos nestes campos, ainda não há um consenso e uma precisão sobre
estas questões, o que dificulta o esclarecimento dos pais e, consequentemente, a
decisão pela escola dos seus filhos”, comenta o psicólogo.
Ricardo entrevistou pais de duas crianças, sendo um casal pais de um menino
de 6 anos e um homem pai de outra criança da mesma idade. Nos dois casos houve
tentativas anteriores frustradas de entrada em escolas regulares, o que levou os
pais a procurarem a educação especial. “Pelas entrevistas verifiquei que há
resistência dos pais nessa escolha, pois fazem várias tentativas em escolas
regulares e especiais até encontrarem a que acham melhor. Inclusive, neste
processo, criticam e discutem com as escolas em que tiveram experiências
frustradas, o que mostra uma posição de resistência e não conformação dos pais”,
relata o pesquisador. “A pesquisa entrevistou somente pais que escolheram no
final matricular seus filhos em escola de educação especial, mas também há
aqueles que depois destas tentativas frustradas tanto na educação especial
quanto no ensino regular acabam por escolher o ensino regular”, lembra
Ricardo.
Educação infantil e inclusão
A educação infantil, com as condições adequadas para que os alunos convivam com a diversidade, pode ser uma etapa e ambiente importante para a inclusão de crianças com autismo ou deficiência intelectual. “Crianças com e sem deficiências frequentando a mesma escola podem, por esta aproximação, ter uma diminuição do preconceito para com o diferente”, explica o pesquisador. Considerando esta questão, as atuais políticas de educação especial no Brasil, inclusive, apontam para que a escolarização aconteça nas escolas de ensino regular.
A educação infantil, com as condições adequadas para que os alunos convivam com a diversidade, pode ser uma etapa e ambiente importante para a inclusão de crianças com autismo ou deficiência intelectual. “Crianças com e sem deficiências frequentando a mesma escola podem, por esta aproximação, ter uma diminuição do preconceito para com o diferente”, explica o pesquisador. Considerando esta questão, as atuais políticas de educação especial no Brasil, inclusive, apontam para que a escolarização aconteça nas escolas de ensino regular.
Desta forma, opina o psicólogo, a segregação que ocorre em função das escolas
de educação especial não contribui para a inclusão e o fim do preconceito contra
crianças com esse tipo de deficiência. “Mas nas escolas regulares muitas vezes
encontramos crianças isoladas do convívio com as outras crianças e também sem
uma atenção pedagógica para ela, como se o fato de apenas estar lá já garantisse
a chamada inclusão”, pondera. E completa: “A discussão que deve ser feita é em
relação ao direito à educação e não apenas a questão da inclusão. Ou seja, todas
e todos devem ter direito à educação, acesso e permanência com
qualidade”.
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